Prefeitura Municipal de Matão

Cemitérios Municipais de Matão e São Lourenço do Turvo

História

Cemitério Municipal de Matão

A grandeza de um Governo, avalia-se pela qualidade dos Projetos que realiza em favor do povo. Projetos planejados que atendem os anseios de toda a comunidade.
A elaboração de um Projeto como esse, visa o progresso de nossa cidade e o bem estar de nossos munícipes;
Presta homenagem aos homens, mulheres, crianças e idosos que construíram com o progresso de nossa querida terra da saudade;
Resgata a memória de nossa história e garante que as futuras gerações possam conhecer os seus antepassados para construir uma cidade cada vez melhor para se viver.

                    Na sessão extraordinária da Câmara Municipal de Matão, realizada no dia nove de dezembro de um mil oitocentos e noventa e nove, e composta pelos vereadores: Dr. Leopoldino Martins Meira de Andrade, Capitão Theóphilo Dias de Toledo, Cairbar de Souza Schutel e José Hyppolito Fernandes, sob a presidência do primeiro, foi aberta a sessão e pelo Intendente Interino Theophilo Dias de Toledo (07/10/1899 à 18/08/1900), foi lembrado a conveniência da Câmara decretar a desapropriação de um terreno situado nos subúrbios desta Vila para nele serem construídos o Hospital de Isolamento e o novo Cemitério Municipal.
Pela câmara foi resolvido que o Intendente ficasse plenamente autorizado a partir daquele momento a agir de acordo com a urgencia que o caso exigia. Pelas autoridades municipais da época, notava-se uma preocupação tendo em vista a epidemia de doença infecto-contagiosa (epidemia de varíola) que havia chegado no município, fato mencionado na ata da sessão extraordinária da Câmara Municipal realizada no dia 01/10/1899, o que levou a Camara Municipal aceitar o oferecimento feito pelo médico Dr. Antonio Mendes Martins Valverde para ser encarregado do Posto de Serviços Sanitários da cidade. Pelas leis sanitárias da época, havia a preocupação de isolar da povoação, os portadores dessa doença, bem como em caso de falecimento os sepultamentos serem feitos em locais bem distantes.
Há registros de ocorrências de óbitos na zona rural que as autoridades locais determinaram o sepultamento na própria fazenda onde a pessoa residia, e também situações que o sepultamento foi realizado fora do perímetro do cemitério por acreditar que com essas medidas estariam diminuindo o risco de contaminação. Por essas razões, surgia a necessidade de mudança do cemitério que estava localizado em área próxima ao perimetro urbano para um local mais distante na zona rural, e também executar a construção de um Hospital de Isolamento, que na verdade não seria um hospital e sim um “Lazareto”, onde lá seria depositadas as pessoas portadoras de doenças graves que praticamente morriam à míngua em razão da dificuldade de tratamento em decorrência dos primórdios de nossa medicina. 

                   Em 01 de fevereiro de 1900, o intendente geral do município de Matão, capitão Theophilo Dias de Toledo, utilizando da prerrogativa mencionada na sessão supra citada, firmou então contrato com os engenheiros Hugo Rabe e Emil Gastão Lauchner, empreiteiros e proprietários da construtora Rabe&Lauchner, para construção do Hospital de Isolamento; com prazo de entrega de quatro meses; em terras que ainda iriam ser desapropriadas pelo município, porem a comissão especial já havia definido o local. Foram também esses engenheiros que demarcaram as terras e desenvolveram o projeto do atual cemitério.
Somente em 27/03/1900, o Intendente Municipal Capitão Theóphilo Dias de Toledo sancionou a Lei nº12 desapropriando o terreno nos seguintes termos:
“A Câmara Municipal de Mattão considerando a necessidade urgente da edificação de um hospital de isolamento, e da remoção do actual cemitério, considerando que a comissão especial para escolha de terreno adequado a este fim, já deu seu parecer, que foi aprovado, optando pela aquisição de uma parte do terreno, correspondente a dois alqueires, pertencente a Francisco de Salles Costa, situado nos subúrbios desta Villa, em terras da Fazenda “Mattão”, e confrontando com terras de Francisco Pereira de Castro, Rocco Di Marco & Cia, Cairbar de Souza Schutel, e com a Estrada da Fazendinha decreta:

Art. 1º É declarado de utilidade pública para os fins supra mencionados, o referido terreno de Francisco de Salles Costa correspondente à 2 alqueires.

Art. 2º A câmara em falta de acordo pelo seu representante legal, desapropriará o dito terreno, promovendo acão judicial necessária.

Art. 3º Fica o Intendente autorizado a, em tempo oportuno, fazer as despesas necessarias para esta desapropriação.

Parágrafo único. Esta lei entra em vigor 10 dias depois publicado por edital.

Art. 4º Revogam-se as disposiçoes em contrario.

Sala das sessões da Camara de Matão. 26 de março de 1900.

Era o que se continha em dita Lei que fielmente para aqui transcrevi.

Matão, 27 de março de 1900.

Theophilo Dias de Toledo.

 

                    O Hospital de Isolamento funcionou plenamente até o ano de 1912, não se sabe ao certo quando ocorreu a extinção do mesmo, o que se tem conhecimento, é que no ano de 1911, chegou no municipio de Matão a vacina contra variola; fato este que levou o então Prefeito Municipal Cel. Leão Pio de Freitas a sancionar a Lei Municipal nº4 de 01/07/1911, autorizando a nomeação de um médico e um auxiliar para vacinar gratuitamente todos os que se apresentassem no posto sanitário. O médico nomeado foi Dr. Agrippino Dantas Martins e seu auxiliar o farmacêutico Cairbar de Souza Schutel. Acredita-se que os efeitos dessa vacinação em massa surtiram efeitos positivos, pois a partir de 1911, o último óbito ocorrido por variola no Hospital de Isolamento, foi de: Faustino Jose de Oliveira, falecido em 29/07/1912, que por ser portador de varíola acabou sendo sepultado fora das dependências do cemitério. Ainda ocorreram posteriormente mais 02 casos de óbito provocado por essa doença: Anthero Jose Ferreira, falecido em 14/08/1912 que faleceu e foi sepultado em sua propria fazenda e Anna Fidencio falecida em 16/01/1925 na fazenda de Elias Frota atual fazenda Aquidaban, e lá mesmo foi sepultada. Diante do exposto, fica evidenciado que a epidemia de variola estava sob controle a partir de 1911 e tudo leva a crer que provavelmente o Hospital de Isolamento tenha sido desativado antes da década de 1930, pois a partir de 1925, não existe mais nenhum registro ou menção do referido hospital.


                    A titulo de esclarecimento, Fazenda "Matão" era o nome da antiga sesmaria onde atualmente está situada toda malha urbana da cidade de Matão. E Fazendinha era uma sesmaria que tinha inicio nos subúrbios de Matão e se estendia até a povoação de São Lourenço do Turvo, margeando com a sesmaria do Cambuhy. E Estrada da Fazendinha passou a partir de um mil novecentos e trinta a ser conhecida como Estrada do Cemitério, e finalmente, em quinze de dezembro de um mil novecentos e sessenta, pela Lei nº217 sancionada pelo então Prefeito Antonio Natalino Artimonte (in memorian), passou a denominar-se Alameda da Saudade.
Finalmente, em nove de abril de um mil novecentos e dois, o Intendente Municipal Major Mathias Dias de Toledo, lavrou o Termo de Abertura no primeiro livro a ser utilizado para registro de sepultamentos no atual cemitério, e em um de setembro de um mil novecentos e dois ainda sob o comando do mesmo intendente realizou-se o primeiro sepultamento.

                    Para que a informatização do Cemitério Municipal de Matão pudesse tornar-se realidade à população matonense foram necessários seis anos de exaustivas pesquisas realizadas por mim Adão Manoel Christino, Administrador do Cemitério, sendo uma parte delas elaboradas fora do expediente de trabalho. Foi necessário atualizar todos os registros de sepultamentos do cemitério em razão dos mesmos serem totalmente obsoletos, a maioria deles tiveram que ser refeitos ou corrigidos junto ao registro civil de Matão. Também tiveram que ser atualizados nos livros, os números das sepulturas que estavam desatualizados e em desconformidade com o atual emplaqueamento do cemitério, em virtude do mesmo ter passado por uma reorganização numérica no ano de 1968. Somente a partir dessas pesquisas foi possivel construir um banco de dados eficiente contendo todos os  registros de óbitos a partir de Agosto de 1897, alguns deles com muito poucas informações em razão da época, porém de grande valor histórico e de grande valia para aqueles que desejam encontrar seus antepassados.                  Quando conclui as pesquisas, apresentei o projeto de informatização ao Srº Prefeito Municipal que imediatamente autorizou a construção do site oficial para o cemitério. No momento que iniciou-se a construção do site, o advogado Dr. Adail Pedro nos apresentou dois trabalhos que são de grande relevância para a sociedade matonense: A Saga da Imigração Japonesa e também a pesquisa contendo a lista de parte dos nomes dos falecidos que foram sepultados no extinto Cemitério de Matão. Por entender a importância do trabalho realizado pelo advogado, foram acrescentados dois links no site do cemitério que permitem a visualização das pesquisas. Este cemitério foi informatizado em 27/10/2006. Em 05/07/2018 o site oficial do cemitério foi totalmente reconstruido melhorando e ampliando a qualidade dos serviços oferecidos, permitindo aos usuarios novos campos de pesquisas.
Agradecimentos ao Srº Carlos Alberto Zirondi que foi responsável pela digitação dos registros e também suporte na construção do site, ao Srº Alberto Scarpa Varanda, Oficial do Registro Civil de Matão por auxiliar as pesquisas.

 

 

Fontes utilizadas:

Atas das Sessões da Camara Municipal de Matão de 01/10/1899 e 09/12/1899

Contrato de prestação de serviços de 01/02/1900

Lei nº12 de 27/03/1900

Lei nº04 de 01/07/1911

Lei nº217 de 15/12/1960

Cartório de Registro Civil de Matão

Adão Manoel Christino

Administrador do Cemitério

13/09/1993 – presente

Matão-SP, 13 de setembro de 2018.